A estrada

Um dia gastei meu batom para pintar meu ponto de fuga...
descobri que a estrada ia muito mais além...
a cada ano que passa quando olho para trás vejo o quanto da estrada se passou...
dividimos nossas reflexões...
que acabaram rasgando-se...
por causa do chuvisco...
e este que nos lembra de sentir...
pois o arrepio que causa nos lembra que do calor precisamos...
meu futuro ainda esta nublado...
mas quem sabe amanhã não apareça o sol...

Na parede do meu quarto

Estava eu sentada bem no meio do meu silêncio...
ali descobri o tanto que sentia ...
e o que me foi pedido pra sentir...
minha descoberta foi tão tremenda que...
até as paredes ficaram sabendo o que sinto...
e no sorriso
faço meu sol...

sol

Descobri que nos
dias de sol
os acordes
são como
os vôos
das
borboletas...

Páginas

Descobri páginas arrancadas em uma das peças que me compõem... como quebra-cabeças orgânico imperfeito... não me recordo que páginas são essas... perder páginas assim complicam ainda mais as confusas primaveras...

Poetar

Acho que vou me desistir de poetar...
disseram-me que poetar é ato fingido...
que todos os poetas são fingidores...
não me sei fingir...
e agora...
o que será dos meus poemas sem rimas?

Ventania

Nas entre palavras
deixo mais de mim
que poeira
depois de ventania...

Ouça

Queria que ouvisse superficialmente o que gostaria de lhe falar...
da falta de sentido nascerá um sentindo...
como se de mim exalasse vida... alta e leve...
prefiro ficar calada porque não sei ao certo qual é meu segredo...
tanto te pedi pra me ensinar o secreto de cada um de nós... somente segredo... quando eu morrer então nunca terei nascido e vivido...
a morte apaga minhas pegadas na areia da praia...
o que há entre o nunca e o sempre que os liga tão indiretamente e intimamente?

Hoje

Hoje acordei com uma estranha sensação...

já havia sentido-a antes... mas hoje...

sempre tive um insano desejo...

de como os pássaros ser... ou como o vento...

sem muitas conversas ou teorias...

livre como os pássaros e inesperada como o vento que passa e apenas o que resta é seu frescor...

vento que passa as vezes sem rumo...

apenas de passagem...

como sempre...

mas livre...

sem obedecer ordens...

apenas de passagem...

Para tardes de chuva

Pingo gelado no asfalto... nos telhados... nas pessoas... cheiro de terra molhada confundindo-se com os odores de uma cidade nem tão pouco preocupada... é uma das horas abertas... pessoas vão e vem... e ela continua a molhar... fica uma atmosfera poco agradavél depois que ela se vai... quente e abafada... estranho... perderia horas minhas só vendo o seu sublime cair... mais é uma pena não dispor dessas horas... de um tempo que nem é mais meu... é uma pena não ter... é uma pena.. é... até uma simples chuva é motivo de comentários... se eu fosse pessoa qualquer nem repararia nos movimentos que ela faz ao cair... mais na verdade pessoa qualquer sou eu ... existem bilhões de pesssoas... e eu nem me lembro o nome de trinta de cabeça... por isso que eu prefiro ver a chuva ... ou o pôr do sol... ou os movimentos das águas no rio... passarinhos brincando em pleno vôo... ou o vento nas folhas das árvores... mas omais divertido mesmo é o observar as pessoas em seus momentos distraídos... elas nem imaginam que possa ter alguem a olha-las ...

Lágrimas

A saudade parece que vai rasgar-me o peito...
uma dor pulsante que parece sem fim...
mas aí lembro dos sorrisos...
aqueles bem bobos que não conseguia esconder...
minhas lágrimas sempre guardadas...
saem sem eu perceber...
eu que me gabava por me metalizar e sempre sair a olhar o horizonte...
percebi que sou mais de carne e osso que imaginava...
um quebra-cabeças orgânico ambulante...
que fica sempre a olhar o céu sem motivo...
buscando sei lá o que...

(Desculpem-me minha ausência mas perdi meu irmão... engraçado que o escrito anterior a esse era a respeito dele... no dia 8 de agosto... minha alma amiga cúmplice veio a falecer dia 16 de agosto...)

Metade

Um dia tive uma alma amiga que costumava ser cúmplice meu de travessuras...
me espelhava nela porque ela tinha sonhos grandiosos...
eu pequena ficava maravilhada com a grandiosidade desses sonhos...
então sonhei também...
descobri-me sonhadora desde então...
era como um espelho pra mim
inspirava o meu melhor ate eu chegar na metade do caminho em que estou...
aí derrepente a vi desistir de tudo...
ou quase isso...
e meu caminho... continua pela metade...
o vento soprou pra mais longe as lembranças...
e o que somos ...
senão lembranças...
costumava chamar aquela alma de irmão...
hj não sei mais por onde anda...
as vezes acho que sei...
mas vejo que só é engano...
que também nos faz parte...

...

Nunca pareço estar onde eu realmente pertenço...
neste meu passar desapercebido é dificil ficar só...
o silêncio não é o caminho...
Decorei meu coração com cores frias...
mas aí estará alguma coisa faltando
queria voar livre como os pássaros
Mas negaram as minhas asas
me sinto uma estranha nessa cidade

Horizonte

Estou envelhecendo... também...
as vezes tenho medo de mudar...
porque construi minha vida em algo que não conheço...
você faz bem em não olhar para trás...
até as crianças envelhecem...

Acho que meu eu irá rasgar essas minhas vestes
frágeis como as promessas vãs...
que nem você mesmo acredita...

photo

Amor aos pedaços

Alguns segredos não devem ser ditos sob certas circunstâncias...
descobri uma coisa...
amor é como um campo minado... a qualquer passo pode explodir...
no caso de explosão temos de juntar os pedaços e seguir...
que opção temos?
Deve ser a natureza do nosso ser... um tal de amor aos pedaços...

Desafogo

Não sou tão transparente o quanto gostaria de ser... sempre gostei de passar desapercebida... e por vezes detesto o mundinho meu... frágil castelo de areia... que criei tão menina... eu e ele quase uma simbiose... imperfeita... as vezes fujo dele por uns instantes... pequenos flashes que parecem uma eternidade... onde falo com o coração... dou vez as emoções... nas minhas tristesas mergulho... por pequenos breves minutos... estes são o bastante... apenas para aprender a temer...

Hoje

Tudo está numa melodia estranha... meu canto é triste... desse canto faço meu viver... nem que seja só por hoje... sem canto... sem vôo... sem calor... afogo meu ego na poça de lágrimas e liberto o id para ele contar as feras os meus íntimos segredos... o que ainda há de mais oculto em mim ... dispenso comentario e deixo as águas do meu rio correr seu curso... eu e minhas caras... não sei o que há... mas algo está errado... memórias de um pretérito imperfeito... mas... franca estou sendo... é bom abrir o jogo... mas já os fatos... segredos...

" A brisa sussurrou-me um segredo...
tão íntimo que senti o rubor de meu rosto...
a tanto tempo não prestava atenção aos segredos dela...
ela fala baixinho...
achei eu que ela havia descoberto outros ouvintes...
mas será que estes lhe compartilhariam segredos tão íntimos?
Ela falou pra eu ser meu melhor amigo...
convidou-me para dividir o paraíso...
jurou mostrar seu escondeirijo...
disse-me que para o amor não necessita a filosofia...

Gota

Queria eu ser como a chuva...
um elo de ternura entre terra e céu...
unindo-as em um lindo bailado de gotas...
desejo vão...
seria eu capaz de unir corações dessa forma?
os nossos...

Silêncio

Ultimamente minha'alma anda tão calada...
ate em meus desenhos o sol não aparece...
que saudade tenho do meu pôr do sol...
parece que nessas épocas não vejo cores...
enxergo o preto no branco...
o cinza em sua essência...
ai melodia confusa dessas épocas...

Um quê qualquer

Sempre senti falta de algo em minha vida...
desde pequena me perco pensando nos instantes...
encanto-me com os pingos da chuva a cair...
fico feliz com o sublime nascer e pôr do sol... o luar me hipnotiza e as estrelas me enchem de expectativas enquanto o sereno me envolve em seu manto...
mas essa falta é de um quê qualquer ou um qualquer de um quê...
talvez não seja a falta mas o essencial da falta do quê me faz viver...
já parou pra pensar no que é essencial para viver? Ou se você vive esse essencial? ... meu essencial é só isto...
palavras : amigas, irmãs e cúmplices.

Segredo dos olhos

De todos os meus segredos...
o que mais me incomoda é o segredo dos olhos...
pois expressam em demasia
e isso faz as velhas cicatrizes sangrarem...

Janelas

A brisa... que invade meu quarto pela janela entreaberta
é quem acalenta meu pesar... aquele sabe?
Dos tropeços do dia a dia...
ela sussurra serena que o amanhã será esplêndido...

Apesar de tudo

"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, deve-se comer. Apesar de, deve-se amar. Apesar de, deve-se morrer. Inclusive muitas vezes é próprio "apesar de" que nos empurra para a frente. Foi o "apesar de" que me deu uma angústia que insatisfeita, foi criadora de minha própria vida. Não se preocupe em me entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

Domingos

"Meu domingo transcendeu...
de oco surdo e cheio de lamentos para
dias de sol com sabor de canela de uma pele jambo
que parece tinginda de urucum ..."

Acorde condizente

"Harmônico foi
o pesar...
da poesia minha...
que perdida ficou
na caliginosa madrugada..."